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Ir. Eustáquio Kugler, um gigante da Hospitalidade
10 of June of 2025
O primeiro Beato alemão da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus
Eustáquio Kugler, sexto filho do casal Michael, ferreiro, e Anna Maria Schuster, nasceu a 15 de janeiro de 1867 em Neuhaus, uma pequena aldeia perto de Nittenau, na Província e Diocese de Ratisbona, na Alemanha. Foi batizado no mesmo dia e recebeu o nome de José. Desde muito novo demonstrou uma inclinação invulgar para a piedade e para as virtudes cristãs, juntamente com uma inteligência viva e um carácter aberto, alegre e generoso. Simples, inocente e puro, teve uma infância dura e laboriosa.
Concluído com grande aproveitamento o ensino primário em Nittenau, foi enviado para Munique para fazer aprendizagem na arte da forja. Após uma violenta agressão de um colega de trabalho rude e agressivo, caiu de um andaime, ferindo-se gravemente numa perna, o que o deixou ligeiramente coxo para o resto da vida. Em janeiro de 1893, com 26 anos de idade, entrou na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, também conhecida como Fatebenefratelli. A 20 de outubro de 1894 recebeu o hábito de noviço, a 21 de outubro de 1895 fez os votos simples e a 30 de outubro de 1898 os votos solenes.
Estimado e admirado por todos pelas suas qualidades de prudência, capacidade e diligência, foi durante 20 anos, Prior em vários hospitais da Ordem na Baviera e durante 21 anos Superior Provincial da Província da Baviera. Nessa altura, 2.500 pessoas estavam ao cuidado de 275 Irmãos de S. João de Deus, que atuavam em 16 instituições da ordem.
Sacrifício e penitência
Em Ratisbona, entre 1929 e 1930, fundou dois hospitais adjacentes com 450 camas: um para homens e outro para mulheres. Em todo o lado promoveu com grande empenho o apostolado pela salvação das almas e o progresso científico e técnico dos hospitais que dirigia, sempre em favor dos doentes. Nunca se poupava: fazia turnos noturnos, visitava os moribundos, de manhã ajudava a fazer as camas e na cozinha, à hora de almoço, descascava batatas.
Durante o regime nazi, salvou a vida de muitos deficientes, considerados como pessoas com uma vida “sem valor”. Suportou com maravilhosa paciência, com fortaleza de espírito e absoluta confiança no Senhor a longa e extenuante perseguição (foi interrogado 30 vezes pela Gestapo), bem como a destruição de vários hospitais da sua Província devido aos violentos bombardeamentos aéreos da Segunda Guerra Mundial.
A Beatificação
Suportou com extraordinária e edificante serenidade, sempre inspirado em Jesus Crucificado, as frequentes e dolorosas provações de uma longa doença no estômago que o atormentou durante muitos anos e que foi a causa da sua morte. Adormeceu santamente no Senhor em Ratisbona, a 10 de junho de 1946, com 79 anos de idade. Preparou-se para a grande passagem meditando os sete dons do Espírito Santo, que escreveu num pequeno papel que guardava na mesa de cabeceira.
Inicialmente sepultado no pequeno cemitério privado dos Irmãos de S. João de Deus, foi trasladado em 1956 para a cripta da Igreja dos dois hospitais que fundara e, em 1982, para uma capela lateral especialmente preparada para ele.
A 1 de março de 1963 iniciaram-se os Processos Ordinários sobre a fama de santidade, a ausência de culto e os escritos do Servo de Deus, no Tribunal Eclesiástico de Ratisbona, concluídos em 1965 e entregues à Sagrada Congregação dos Ritos, em Roma, em julho do mesmo ano. A fama de santidade que já gozava em vida continuou após a sua morte, crescendo a cada dia. Muitos fiéis atribuem à sua intercessão graças e favores recebidos do Senhor.
Em 2007 foi-lhe atribuído o milagre da cura de um homem, grande devoto do Ir. Eustáquio Kugler, após um acidente de viação em que o carro ficou completamente destruído. A 17 de janeiro de 2009, o Papa Bento XVI ratificou o reconhecimento do milagre. A solene beatificação teve lugar a 4 de outubro de 2009 na catedral de Ratisbona, presidida por D. Angelo Amato, então Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
Artigo escrito pelo Postulador Geral, Ir. Dario Vermi