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  • PUENTE - Projeto Erasmus+ que visa apoiar os refugiados da Ucrânia

    20 de Junho de 2025

    Projeto PUENTE destaca falta de informação e de apoio psicológico como principais barreiras para refugiados ucranianos na Europa

    - 47% dos refugiados inquiridos afirmam não ter recebido informações claras à chegada ao país de acolhimento.

    - Profissionais que os acompanham identificam a burocracia, a formação insuficiente e as barreiras linguísticas como obstáculos à inclusão.

    - Projeto PUENTE propõe soluções baseadas na educação não formal para ultrapassar estes desafios.

    No âmbito do Projeto PUENTE (Protecting Ukrainians Encouraging Non-formal Training and Education), financiado pelo programa Erasmus+ e desenvolvido por um consórcio de organizações de seis países europeus, foram divulgados os resultados de um diagnóstico participativo realizado com refugiados ucranianos e profissionais envolvidos no seu acolhimento. O estudo oferece um retrato claro dos principais desafios que dificultam a sua inclusão social e laboral nos países de acolhimento.

    Os dados, recolhidos entre o final de 2024 e 2025 junto de mais de meia centena de participantes, servem de base para o desenvolvimento de metodologias pedagógicas adaptadas. O objetivo é dotar as equipas profissionais de ferramentas eficazes que melhorem o acolhimento e promovam a autonomia das pessoas refugiadas através da educação não formal.

     

    Refugiados: falta de informação, apoio e autonomia

    O estudo do Projeto PUENTE, conduzido nos seis países parceiros do projeto (Espanha, Itália, Portugal, Áustria, Polónia e Bélgica), recolheu as perspetivas de refugiados e profissionais.

    Quase metade dos inquiridos afirmou não ter recebido informações essenciais à chegada, sobretudo no que diz respeito a:

    - Habitação (20%)

    - Apoio psicossocial (16%)

    - Serviços de saúde (14%)

    - Língua (13%)

    O relatório do PUENTE destaca ainda momentos críticos em que a informação foi particularmente escassa, nomeadamente:

    - Antes da fuga do país de origem

    - À chegada ao aeroporto ou alojamento de emergência

    - Durante o processo de registo no país de acolhimento

    Esta lacuna informativa, ao longo das diferentes fases do processo migratório, está intimamente ligada à criação de expectativas irrealistas, uma preocupação partilhada por profissionais e evidenciada em estudos anteriores.

    De notar que 61% dos refugiados afirmam depender sobretudo de outras pessoas refugiadas e redes informais para obter informação — um número significativamente superior aos 13% que referiram as autoridades locais como fonte principal de orientação.

     

    Profissionais: falhas na formação e excesso de burocracia

    Apenas dois em cada três profissionais afirmaram ter recebido formação antes de iniciar funções — o que evidencia margem para melhorias. As áreas de formação mais solicitadas incluem:

    - Comunicação intercultural (34%)

    - Gestão de trauma e apoio psicossocial (29%)

    Entre as principais barreiras institucionais identificadas pelos inquiridos estão:

    - Burocracia excessiva e atrasos administrativos (40%)

    - Falta de coordenação interinstitucional (28%)

    O estudo revela também um contraste nas estratégias de apoio: enquanto os refugiados recorrem sobretudo a redes informais, os profissionais dependem das estruturas organizacionais. Esta diferença evidencia a necessidade de melhorar a articulação entre instituições e de desenvolver materiais acessíveis e multilingues para garantir uma comunicação eficaz.

    Quanto às necessidades mais prementes das pessoas refugiadas, os profissionais destacam:

    - Habitação (24%)

    - Apoio psicológico (20%)

    - Integração no mercado de trabalho (11%)

    Apesar das diferenças de prioridades, ambos os grupos concordam que o apoio psicológico é fundamental para uma inclusão digna e sustentável.

     

    Projeto PUENTE: uma resposta educativa centrada na inclusão e na autonomia

    Face a estes desafios, o Projeto PUENTE visa desenvolver uma metodologia educativa inovadora e acessível, que reforce a preparação de profissionais da educação, saúde e apoio social no trabalho com adultos refugiados — em particular, pessoas deslocadas pela guerra na Ucrânia.

    Com base no diagnóstico realizado, o projeto desenvolverá:

    - Um programa de formação transnacional para profissionais que trabalham com refugiados adultos

    - Um guia de boas práticas para facilitar os processos de inclusão educativa e social

    Estes recursos serão desenvolvidos com uma abordagem multissectorial, reunindo a experiência de oito organizações que atuam nas áreas da educação, inclusão social e apoio a refugiados, abrangendo em conjunto mais de 1.000 pessoas refugiadas em toda a Europa.

     

    Sobre o Projeto PUENTE

    O Projeto PUENTE (Protecting Ukrainians Encouraging Non-formal Training and Education), financiado pelo programa Erasmus+, tem como objetivo facilitar a inclusão social e laboral de refugiados ucranianos através da educação não formal. O projeto, implementado em seis países europeus, promove o desenvolvimento de metodologias inclusivas para profissionais que trabalham com adultos refugiados, baseadas nos valores da diversidade, inclusão, empregabilidade e direitos humanos.

     

    Para mais informações:
    https://puenteproject.eu
    Redes sociais: @PuenteProject_EU (LinkedIn, Instagram)

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