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S. João Grande: Um legado vivo em cada gesto de cuidado
03 de Junho de 2025
No coração da missão hospitaleira do Instituto São João de Deus – Ponta Delgada, permanece viva a memória e o exemplo de S. João Grande, padroeiro da Unidade de S. João Grande em Ponta Delgada. No dia 3 de junho, data da sua morte em Jerez, celebramos uma vida marcada pela humildade, entrega e coragem ao serviço dos mais vulneráveis e reconhecemos como, séculos depois, o seu legado continua a iluminar os corredores e corações da nossa unidade.
Um exemplo de humildade e união
S. João Grande decidiu, aos 17 anos, consagrar a sua vida a Deus e ao serviço dos pobres, dos doentes, dos marginalizados. Teve a sabedoria de reconhecer que a missão é mais forte quando partilhada: quando viu que outros já tinham concretizado a sua ideia de cuidados, não competiu, uniu-se.
“S. João Grande é um exemplo de unidade quando se partilha a mesma missão”, destaca a Enfermeira Sofia Soares, Coordenadora da Unidade. “Também nós aqui acreditamos que ninguém trabalha sozinho. Desde a pessoa da limpeza, ao médico, ao psicólogo, todos colaboram. Todos caminhamos para o mesmo fim: que os nossos utentes estejam bem, que se sintam em casa, respeitados, dignificados.”
Uma missão vivida no dia a dia
Na Unidade S. João Grande, essa mesma missão reflete-se em cada gesto: no cuidado atento com os mais idosos, no respeito pelas suas histórias e no esforço para que a sua condição física ou mental nunca defina a totalidade do seu ser.
“Cuidamos sobretudo de utentes idosos, com doença mental ou deficiência. E tentamos sempre que tenham uma vida para além da idade ou da doença”, afirma a Coordenadora. “A dignidade é central. Queremos que tenham amor, respeito, tranquilidade. Mesmo quando não o dizem com palavras, sentimo-lo no olhar, no gesto, no afeto.”
A espiritualidade que abraça, não impõe
S. João Grande não dissociava o cuidado físico do cuidado espiritual. Também aqui, esse princípio orienta o trabalho da equipa: “Somos uma instituição religiosa, mas a espiritualidade aqui vive-se à medida de cada um. Pode manifestar-se numa oração, num silêncio partilhado ou num pequeno gesto. O importante é que cada utente tenha a liberdade de expressar o que sente à sua maneira.”
Este respeito profundo pela individualidade de cada um é o que permite criar laços genuínos. Muitos dos utentes da unidade estão institucionalizados há décadas. Alguns, como partilha a Enfermeira Sofia, “já estão cá desde antes de eu nascer, há 40, 50 anos… Já não têm família. Nós somos a família deles.”
Um espírito de entreajuda que transforma
Com humildade e sabedoria a equipa multiplica-se para garantir bem-estar, inclusão e sentido de pertença. Mas não o faz sozinha: entre os próprios utentes floresce a entreajuda: “durante a pandemia, por exemplo, vimos crescer esse espírito. Um ajudava o outro, dava a mão, incentivava a ir à atividade. Quem podia mais ajudava quem podia menos. Criaram-se verdadeiros laços de afeto.”
Esse sentido de comunidade não se esgota nas paredes da unidade. Ativamente, os utentes participam nas festividades locais como as festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres ou nas celebrações do Espírito Santo. A unidade abre-se à comunidade e a comunidade acolhe a unidade.
Uma herança que continua
“O feedback dos utentes é a nossa maior motivação”, sublinha Sofia. “Quando percebemos que se sentem felizes, que nos reconhecem como parte da sua vida, percebemos que estamos no caminho certo. S. João Grande inspira-nos a continuar com amor, com presença e com sentido.”
Hoje, celebramos mais do que um nome. Celebramos uma forma de estar, de cuidar e de viver que está presente em cada profissional, em cada utente, em cada momento que honra a missão de acolher, cuidar e dignificar com Hospitalidade.