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  • Irmão Matias: uma vida ao serviço da Família Hospitaleira

    15 de Maio de 2025

    No Dia Internacional da Família, celebramos não apenas os laços de sangue, mas também os vínculos que se criam através de uma missão comum, de valores partilhados e de um amor vivido no cuidado ao outro. No Instituto S. João de Deus, a Família Hospitaleira é isso mesmo: uma grande família composta por Irmãos, colaboradores e utentes, unidos por um carisma comum: a Hospitalidade.

    Conversámos com o Irmão António Matias, que, com 91 anos de vida e mais de sete décadas de missão, é um testemunho vivo desta família que se constrói no serviço e no acolhimento. A sua sabedoria serena, fruto de uma vida dedicada aos outros, inspira-nos a compreender mais profundamente o que significa fazer parte desta casa: “o termo família hospitaleira é como dizer família natural. Saímos da nossa família de origem e entrámos noutra: esta que partilha connosco uma missão, uma forma de viver e de cuidar.”

    A Família Hospitaleira não se limita aos Irmãos da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. É mais ampla e inclui todos os que se comprometem com a missão de servir os outros. “Fazemos uma família com os outros. Irmãos, colaboradores e doentes, todos fazem parte desta família que se forma em torno da Hospitalidade”, conta-nos.

    Sentido de pertença

    Ao recordar os seus primeiros tempos no Postulantado, onde tudo era novo o Ir. Matias conta que foi nos gestos simples, na partilha da vida e na formação feita em grupo que começou a nascer esse sentido de pertença. Lembra que “quando entramos, não sabemos o que é a Família Hospitaleira. Mas vamos aprendendo. Vamos recebendo dos outros e depois damos também. É isso que nos faz crescer.”

    Na base desta identidade está o valor maior: a Hospitalidade, profundamente enraizada no legado de S. João de Deus. A Hospitalidade é mais do que uma palavra, é um modo de vida, explica: “o valor principal é servir. Servir os doentes, os pobres, os que precisam de ajuda. Fazer o bem, sem olhar a quem.”

    É esse espírito que continua a inspirar a missão de todos os que fazem parte do ISJD. Ao longo desta conversa, o Ir. Matias sublinha que cada pessoa que entra para esta instituição é convidada a abrir-se, a escutar, a integrar-se e a contribuir com o melhor de si: “quem vem trabalhar para cá tem de estar aberto, recetivo, aprender como é que as coisas funcionam. Saber que vem para uma atividade diferente, onde o centro é sempre a pessoa.”

    "O que fazemos tem de ter um sentido"

    É com certeza que nos explica o que aprendeu ao longo nos anos com a Família Hospitaleira: “aprendi que o que fazemos tem de ter um sentido. Trabalhamos para o bem das pessoas mais necessitadas. E isso dá-nos uma força enorme.”

    A sua missão passou por muitos como os anos vividos em Moçambique, onde por vezes a diferença cultural dificultou a integração. Mas mesmo aí, o Ir. Matias encontrou na Família Hospitaleira o apoio e a inspiração para continuar: “o exemplo dos outros Irmãos que estavam lá antes de mim deu-me força. A missão já lá estava, eu só continuei.”

    Hoje, continua a viver a Hospitalidade com a mesma entrega, agora através da escuta, da presença e do exemplo. “Agora já não posso fazer muita coisa, mas posso relacionar-me, estar com os outros e dar o exemplo de boa relação. E isso também é Hospitalidade”, explica.

    A sua realização e felicidade são óbvias ao recordar tantas décadas de vida consagrada: “fiz o melhor que pude. Se alguma coisa correu menos bem, arrependi-me, mas não fiz mal de propósito. Estou num lugar onde posso ajudar e isso basta para me sentir feliz.”

    O coração da Família Hospitaleira

    Neste Dia da Família, o testemunho do Ir. Matias recorda-nos que o coração da missão hospitaleira está em cada gesto de cuidado, em cada colaboração vivida em conjunto, em cada utente tratado com dignidade.

    Assim como uma família existe um legado e uma continuação, explica-nos: “não nos multiplicamos como numa família natural, mas multiplicamos a Hospitalidade nas pessoas que vão chegando e se juntam a nós.”

    A Família Hospitaleira é herança, mas também é construção diária de um caminho partilhado. É feita do passado dos que a iniciaram, do presente de quem a vive e do futuro dos que a continuarão. E é, como diz o Ir. Matias, uma casa onde todos podemos servir, sentir-nos seguros e realizados.

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